Açúcar do vizinho

Esta aqui, é dedicada aos talentos que me cercam, as coisas boas que trazem paz e refúgio, conhecimento e reflexões. Á aqueles que me inspiro e aos que me apoiam, atenciosamente, todos os dias, de todas as formas possíveis.

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Vitória Miranda- Era novembro

Era novembro, chovia forte, eu saí ás 18h da escola. Passei pela viela, como de costume, em meio ás árvores e postes, que sempre nesta hora, se faziam arco de luzes. Fui para o ponto de ônibus, aquele onde ninguém ficava, onde a condução fazia a volta na pracinha do bairro antes de ir para o seu devido destino. Eu esperei por volta de 15min e a minha carona chegou. Paguei a quantia de minha morte.
Sentei-me no banco do meio, entre a porta de saída e a terceira fileira após a roleta. Coloquei meus fones e ativei a playlist de sexta-feira. Enquanto o ônibus ia para a praça, pude ver meu reflexo em um carro, meu coque estava caindo, o arrumei e percebi uma luz que cintilava ao meu lado. Quando me dei conta, Sra. Margô estava se acomodando ao meu lado. Nunca gostei desta velha, ouvia desde do meu primário naquela escola, que ela trazia má sorte, somente pelo fato de estar perto. Gelei. Minha alma fez morada no medo da morte. Pra falar a verdade, era mais uma sensação de paz.
Havia ali, algo que me perturbava naquele olhar velho, vivido e cansado.
Eu vi todos os momentos de minha infância, os poucos dias de minha mocidade e até mesmo o dia de hoje, logo de manhã.
Eu acordei, engoli ás pressas um café puro e uma fatia de pão com margarina. Pedi bênção a minha mãe e ela sonolenta só disse "tchau". Aquilo me estressou muito, veio a tona o sentimento que sentira em minha infância, indiferença a minha rotina, comparando-me ás minhas irmãs.
Com tudo, eu estava atrasada para pegar o ônibus das 06h. Ele estava tão vazio, que foi possível ouvir o esforço do motor ao dar a partida. Foi mais um dia normal, de uma vida mal vivida.
Enquanto eu, olhava meu livro vital,naqueles olhos, a velha me olhava cada vez mais, afundando seus olhos negros em minhas oleiras, me fazendo gelar a cada centímetro de chão percorrido. Nosso encontro nos laços do olhar, na janela de cada alma, ali, foram postas frente a frente, e eu me perguntei se a Sra. Margô também estaria vendo sua vida em meus olhos e foi aí, só neste momento que percebi.
Os seus traços eram os meus, a menor e melhor piscadela nos denunciou. Eramos uma vida em duas.
Momentos destinos, separados mas sempre ligados. Percebi que cada mal humor de cada manhã era o mesmo mal humor de cada noite, das tosses ríspidas dela. O ônibus andava cada vez mais longe desde o ponto de encontro, na praça.
Eu me virei para janela, tentando ignorar minha loucura ou melhor realidade. Chovia cada vez mais forte, era novembro, no dia em que morri.
Pude ver antes deste mundo para mim mudar, dois casais saindo para beber, e nisso pensei quando seria minha vez, de se apaixonar e se embriagar como o mesmo. Vi um criança com seu cachorro, eu nunca gostei de bichos, mas confesso, eu devia ter soltado mais risos assim, como o daquele menino. A padaria do centro da cidade, estava mais lotada do que o normal, a choperia, nem se fala e a sorveteria era invadida pelos velhos amantes, aqueles de 85, junto com as suas gerações.
Senti um toque no ombro, era a velha, ou melhor era eu no meu eu. "Sua bolsa caiu" quando me deparei meus pertences não eram mais nada, não havia bolsa ali. Gelei. Seria um sinal momentânio.
O ônibus durante todo este tempo, ficara vazio, bom, não aumentou o número de passageiros. O que era estranho, para uma sexta-feira a noite.
Foi então, que ao olhar as gotinhas na janela me deparei com a morte, numa dessas curvas que a vida dá, eu morri. O momento certo eu não me lembro, só sei que uma leve e doce facada no meu peito, abriu um portal para o conhecimento de minha vida. A mulher que ao meu lado sentara, me matou. A mulher que eu me tornei, com a minha arrogância e indiferença a minha família, o meu rancor da infância e o meu mal humor me matara. Eu devia ter amado mais.
Eu me matei, sim, o acidente na curva, o ônibus indo monte abaixo e a facada idiota de uma velha macabra me ajudaram. Até hoje não entendi o porque de tal assassinato, eu nem mesmo puder ter a chance de saber se em casa a janta estaria pronta, se minha mãe estaria trabalhando ainda ou o motivo daquela velha ter me escolhido. Eu simplesmente morri. Assim, do nada, como assim nasci. Uma gravidez indesejada, uma morte inexplicável.
Posso dizer que todos que no ônibus estavam morreram, alguns estão aqui comigo, porque como eu, não sabem o motivo do seu fim. Mas desconfio que agora, desabafando com você, eu tenha entendido um pouco. Eu morri. Era novembro, chovia muito e tudo de ruim que em mim vivia, morreu.

Ane Louise Schimid - Infância

Infância ... ah, infância!
Sim, isso mesmo, esta etapa da vida não existe mais como antigamente, já diziam os meus pais.
Domingo passado, assim que acabei de chegar da missa, por volta de meio dia e meio, lavei minhas mãos, agradeci a Deus pelo alimento em minha mesa, e que os meus pais prepararam com tanto carinho e me sentei à mesa, na companhia deles para ter, como de costume, aquele almoço para papear e jogar conversa fora em família, bem ... família essa que não estava completa; faltara ali, o meu irmão, que não faz questão de nos acompanhar nesses momentos!
Mas, eu faço questão desse modo tradicional ... e muita! É uma forma de conversármos sobre a semana, tanto de trabalhos como de estudos, revermos o que podemos mudar para a próxima, e relembrarmos acontecimentos que nem são tão costumeiros assim.
Uma maneira de "resgatar os laços" tradicionais, que a tecnologia do século XXI, banalizou (literalmente) quando decidiu surgir. Nos dias de hoje, não temos esses momentos com amigos e familiares, e até mesmo, tardes longas de verão, ensolaradas, para conversar, esperar chegar aquela tia que só vai na sua casa para saber das "novidades", tomar um café quentinho, (cá entre nós, idoso A-D-O-R-A um café, mesmo que seja no verão), e arrisco dizer que vender produtos de revistas. Aquele seu tio que já chega perguntando se tem pão velho ou, sendo mais cara-de-pau ainda, se a comida já está pronta; aquele tio-avô que pergunta do seu "namoradinho", enfatizando
o rumo ao convento ou "ficar para titia", caso você não ache a sua metade da laranja. Bem, eu não acho que exista metade da laranja; só pra constar!
E tudo isso ao som de Raça Negra!
Aquelas piadas sem graça sobre pavê, e vou te dizer: não só no Natal, em!? Basta haver um pavê como sobremesa. Aí já era!
E as crianças!? Ah, as crianças, correndo pelo quintal, brigando e fazendo as pazes por motivos banais, mas, que para elas eram os acontecimentos mais sérios do mundo, e quando não conseguiam solucionar sozinhas, ou abriam o berreiro ou corriam para os seus pais, contando assim, daquela discussão boba com o primo, que logo voltavam a se falar.
Uma pausa para o picolé!
Esse sim era o momento mais sadio entre os pequeninos.
E logo após, continuavam a brincar!
Ah, nossa! Tantas são as histórias que nem sei o fluxo migratório, de cada uma delas, onde começa e onde termina, o vai e vem.
E nas noites de inverno!? Ah, essas eram as melhores!
Toda família, apertadinha na cozinha, para comer aquela sopa preparada pela avó e os frutos do mar feitos pelo avô. Em aniversários, natais e festas, todos com sorriso de orelha a orelha, desfrutando daquele momento que estava tudo a mil maravilhas!
E os churrascos com pagodes de "mil e quinhetos" que as crianças de 7 anos, se queixavam por não conhecer. Era uma festa, literalmente! Todos dançando, cantando, e imitando o jeito engraçado daquele tio, que costuma ser sério no seu dia-a-dia, mas que excepcionalmente, acaba perdendo a linha e não estando nada sóbrio.
Sempre muito bons! Isso é família!
E isso faz falta, viu?! Muita falta! E já estou eu aqui, como uma manteiga derretida, por relembrar esses tempos, no qual o meu avô era o maestro de toda aquela banda!
Mas, precisamos aprender a lidar com perdas, e hoje estou muito mais forte em relação a isso.
Continuando. Neste mesmo domingo, sentados a mesa, meu pai contara ali, as histórias da sua infância (claro, sem comparações às minhas.), e ali, naquele instante demos boas risadas! Além da missa, este também foi o ápice do meu dia. Meu pai tem um irmão mais velho, e dizia que fizeram boas bagunças juntos. E os meus avós então!? Na época deles, carros só passavam de meia em meia hora nas ruas, sendo assim, saíam de casa cedo, ficando até dez horas da noite brincando de piques, e tal. Mas resumindo Rudo isso, quero aqui dizer que, infância é coisa rara hoje em dia, é algo que se não cultivado em casa, nela mesmo, tudo isso se perde, assim com o passar dos anos, na vida adulta. E isso faz falta, viu?!


Sara Pâmella Custódio  - Amores passados

Ah! Os amores passados ... Como são belos e puros. Não precisam se alimentar de prazeres, um simples olhar já os sacia. Confesso que viveria um amor antigo, daqueles que só de estar perto da pessoa amada, o coração dispara. Hoje em dia é preciso que exista uma dependência de coisas tão banais... E na maioria das vezes, este amor atual não dura nada. Isso porque  seu alicerce foi o prazer. E o amor vai além... Ele não precisa de muito. Uma dose pode causar grandes consequências! Se vivido de verdade, pode durar eternamente! O amor que hoje vivemos, escorre por nossas mãos como água. Nem adianta segurá-lo, porquê será em vão. Mas eu não entendo o por que disso tudo... O que tinha antigamente que hoje faz falta no mercado do amor? Acho que um pouco mais de compromisso resolveria!    Mas , o que é o compromisso se não vier acompanhado de satisfação? Sim, porque desconheço um indivíduo que realize seus compromissos com insatisfação e se sinta bem! Reciprocidade também é essencial... Do que adianta amar e não ser amado? É como precisar do oxigênio e não cuidar da planta !
Pra falar a verdade, eu penso que o problema está em nós, que amamos intensamente, que nos entregamos facilmente e que nos envolvemos espontaneamente. As decepções seriam anuladas se depositassemos uma colher a menos de esperança em alguém vazio demais pra um sentimento tão profundo ... Isso não depende da época em que estamos; depende de mim, depende de você!  Se ela escolheu fazer sofrer, que esperemos chegar a sua vez de sofrer sem querer. Afinal, tudo o que vai, volta! E como outros disseram... O mundo dá voltas!

Rafael Sietz - Almejo

Bom, isso não deve ser nem lido como auto ajuda e sim uma reflexão, não posso dizer que o que vier são coisas autônomas minhas e sim uma constituição de tudo que já li e pensei sobre. Todos alguma vez já se desligaram na vida, ligaram a luz e pensaram em toda a merda que tá ocorrendo, seja boa ou ruim, olhando pro teto. E apesar de estar sendo indiferente no meu caso, uma simples mosca me deu uma reflexão. Todo mundo almeja algo na vida, buscam algo, almejam o céu sem nem saber se ele existe ou almejam um futuro brilhante. A simples mosca almeja voar, chegar o mais próximo do sol, porém se confunde ao achar que a lâmpada e seu brilho é o próprio sol. Meio confuso, de que diabos uma mosca pode dar em uma reflexão? Bem, todo mundo busca algo. Mas será que o que buscamos e achamos não é só uma simples lâmpada que ao batermos nela, ela nos atordoa e caimos sem sinal de nossas asas para continuar voando? Sempre me questionei se os caminhos e ações que fui tomando mudariam algo no futuro, sempre botei minha cabeça no travesseiro pra pensar as merdas que fiz e as merdas que fiz pra buscar/almejar esses "sonhos ilusórios". Infelizmente eu penso muito, seria mais fácil deixar o barco da vida levar e não ligar pras suas ações, só seja quem você quer ser. Não se importe com outras opiniões, viva e colha os frutos de um futuro tentando se superar a cada dia. O resto, deixo a você que leu, você é quem escreve, você é quem vive!




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